2016-2018
Ensaio visual composto por 13 trabalhos que tornam visível o pensamento controverso do naturalista Louis Agassiz (1807-1873) ao liderar a Expedição Thayer no Brasil entre 1865 e 1866.
Os trabalhos, embora se apresentem em meios diversos, são todos desdobramentos de estratégias de atuação e modos de uso do Desenho. Em conjunto eles dão forma a informações assumindo um ponto de vista de um narrador, mas deixa lacunas a serem preenchidas por seus receptores. A intenção, assim, é de oferecer ao outro um lugar particular para construção crítica, entre o do leitor e o do escritor.
O objeto de estudo aqui foi tomado como modo para problematizar a imagem idílica da paisagem brasileira, artificiosamente construída por viajantes europeus enquanto exploradores de territórios exógenos. Do ponto de vista global, o ensaio endereça os fatos históricos ao tempo presente. Seu assunto é tomado como matéria desfuncionalizada pela ciência; subexposta e quase esquecida; como se já fosse superada pelo próprio caminhar científico. Entretanto, ao trazê-lo novamente à tona, aponta haver precedentes históricos para atos sociais e políticos frequentes atualmente, estando atrelados particularmente à difícil tarefa de articular habitantes, cultura e território.
Do ponto de vista nacional, a relevância do ensaio está em sugerir que os atuais conflitos políticos brasileiros possam também provir da forma em que estrangeiros projetaram seus pensamentos para inventar uma ideia de paisagem e habitantes. Similaridades entre o pensamento de Louis Agassiz e alguns discursos de representantes de classes sociais brasileiras são óbvias o suficiente.
É fato que a miscigenação, assunto chave para o pensamento de Agassiz, é base para a cultura brasileira. Pode até ser verdade que nós acolhemos de braços abertos o estrangeiro; e que mais do que isso, os temos consumido física e culturalmente. Entretanto, e concomitantemente, a distinção hierárquica dos brasileiros pretensiosamente brancos em detrimento aos negros e indígenas tem sido desde nossa origem nosso grande problema. Desse modo, a ideia de uma terra abençoada e pacífica em relação a sua pluralidade étnica é tão falaciosa quanto é a objetividade da Ciência Moderna.
Os descritivos de cada trabalho e suas respectivas fichas técnicas podem ser lidos no poster abaixo:
frente verso
apoio: Embassy of Foreign Artists, Genebra/CH
pesquisa:
Bibliothèque de Genève (Parc des Bastions), Genebra/CH
acervo da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Belo Horizonte/MG
acervo de Coleções Especiais e Obras Raras/BCCL – Unicamp, Campinas/SP
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my dear, I’m tired and I need to rest; I’m going to travel to Brazil!
2016-218
A visual essay compound of 13 artworks that turn visible the controversial thinking of the natural scientist Louis Agassiz (1807-1873) while leading the Thayer Expedition in Brazil between 1856 and 1866.
Despite employing a variety of media, these artworks are all derivations from acting strategies and ways to use drawing. Together they map information, assuming a narrator’s point of view, and letting some gaps opened to be filled by the audience. The intention is to offer a particular place for the critical thinking, a place between the reader and the writer.
The subject here confronts the idyllic image of Brazilian landscape, which was artificially built by European travelers while exploring foreign territories. In a global scale, this essay addresses historical facts to the present times. As unexposed and almost forgotten, these facts do not concern the Science any longer, being uninterested and pretended to be already overcame. By lightning them, I assume that they precede the nowadays political and social acts, being especially related with the difficult task of articulate inhabitants, culture and territory.
On the other hand, and having my country as scale, this work inquires that the Brazilian social conflicts might reside in the way foreign people projected their thoughts to invent an idea of landscape and inhabitants. Similarities between Louis Agassiz’s thinking and some speeches from Brazilian social class representatives are obvious enough.
It might be true that the miscegenation – a key concept in Agassiz’s thinking – is the Brazilian culture ground. It also might be true that we welcome foreign cultures. More than that, we do it with ravenous appetite, absorbing them physically and culturally. However, and simultaneously, the hierarchic distinction of pretentious Brazilian “Whites” to the detriment of Negroes and Indians have been since the beginning one of our biggest problems. In this sense, the idea of a blessed and peaceful country regarding its ethnic and cultural diversity might be such a fallacy as the objectiveness of the Modern Science.
The description of each artwork, as well as their technical information, are available on the following posters (only in Portuguese):
front back
supported by Embassy of Foreign Artists, Geneva/CH
research thanks to:
Bibliothèque de Genève (Parc des Bastions), Geneva/CH
collection from Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Belo Horizonte/BR
collection from Coleções Especiais e Obras Raras/BCCL – Unicamp, Campinas/BR